segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Amy Winehouse sai de cena para sua última viagem


Na Lapa boemia do samba, a democracia musical tem sua vez. No reggae, no afro, no choro, no rock, no charm, no soul. E, entre ou sucessos que por aqui sonorizam as calçadas, já se cantou muito uma jovem inglesa chamada Amy Winehouse. Mas ela deixou órfãos seus fãs. E lá se foi a jovem talentosa Amy, de apenas 27 anos de idade e uma turbulenta carreira de apenas sete anos. Um sucesso nas rádios, nas vendagens de cds mas um fracasso nos cuidados com a saúde.

O resultado da autópsia ainda levará alguns dias, talvez semanas, para ser divulgado. Porém, não será surpresa se o laudo apontar overdose de álcool ou drogas. Em sua trajetória ela conseguiu unir tantos aplausos para sua voz e interpretação quanto vaias e desaprovação para seu envolvimento com o vício pesado. Foram internações em clínicas de reabilitação, prisões por agressões e posse de drogas, cancelamentos de shows, quedas em palcos de várias partes do mundo. Tudo em parcerias com uísque, vodka, champanhe, cocaína, ecstasy, heroína, craque e até mesmo quetamina, usada para anestesiar cavalos. Ou seja, ela se matou aos poucos.

E afinal, até quando a arte vai perder artistas talentosos para a overdose? Até quando estes artistas serão vencidos pelo vício? Será que o talento, os aplausos, os milhões, o reconhecimento do público e o sucesso não bastam? Será mesmo que para a inspiração chegar é preciso mesmo “fazer uma dessas viagens”? Não. Este não é um papo careta ou um mais um discurso políticamente correto. Mas um questionamento, um alerta para fatos que estão aí para todos verem. E a cantora e compositora inglesa é o mais novo exemplo. E, como artista, o mais novo passageiro de uma viagem sem volta. Agora, virou estatística. 

E, por mais que tenha sido um sucesso na música, o que fica lado a lado com seu talento é o registro de seus momentos com as drogas, como quando não pôde ir à cerimônia para receber seus cinco Grammys porque seu visto foi negado pelos EUA. Entre as fotos que rodaram o mundo estão cenas lamentáveis como a que aparece bêbada num banco de praça após uma noitada em vários bares ou quando foi flagrada drogada ou quando apareceu ainda com sono com os seios para fora da roupa na sacada do Hotel Santa Teresa, aqui no Rio. Irônicamente, neste hotel no bairro de Santa Teresa, Amy ficou hospedada na suíte de número 51. Pode até parecer piada, mas não é, de tão triste. 

O certo é que todo ídolo, amado e venerado por seus fãs, tem o dever de dar o exemplo. Quantos pais dão o nome de seus ídolos aos filhos? Quantas crianças não se espelham em seus ídolos na forma de cantar, vestir, agir, jogar, falar? Estou repetindo a palavra ídolo de propósito. Pois, justamente num momento triste como esse, da perda de um ídolo, que devemos pensar muito na forma de conduzir uma carreira. E a condução vai nos mínimos detalhes, muitas vezes esquecidos, seja pela entrega ao vício seja por puro deslize. 

É triste perceber na sequência de fotos exibida pelas tvs a transformação física de Amy em decorrência das drogas. Elas estragaram seu sorriso, a deixaram bem mais magra. Sequelas assustadoras. Tanto assustador quanto saber que Amy entra para a macabra lista de artistas que morreram aos 27 anos, vencidos pelas drogas, como aconteceu com Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Jim Morrison e Brian Jones. Todos ligados por overdoses das mais diversas drogas.

O último show de Amy Winehouse foi em meados de junho em Belgrado, na Sérvia. Bêbada, trôpega, saiu vaiada e teve o restante do que seria uma tournée, devidamente cancelada. Na quarta-feira, 20 de julho, dias antes de sua morte anunciada, deu uma canja no show de sua afilhada, Dionne Bromfield, em um teatro no Camden Town.

É triste, decepcionante conhecer a trajetória desta jovem tão adorada por seus fãs. Hoje seus pais choram, mas onde eles estavam antes, na formação da menina Amy? Que mais esta perda sirva de alerta para a família de tantos jovens que despertam para o sucesso, seja na música, seja no esporte, seja na tv, teatro ou cinema. Sim, porque, no final, muitas vezes o errado posa como certo. Ou então para que tantas garrafas, cigarros e taças misturados às flores, fotos, cartas e velas na porta do endereço de Amy Winehouse?

E, de tudo que li e ouvi sobre Amy na noite de domingo e manhã de segunda, o comentário da estrela baiana Daniela Mercury: “Faltou mais vontade de viver...”. É, parece que foi. Ou, se tinha, não conseguiu ir em frente. Perdeu. E agora, virou mito. Da pior forma...


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