Sua invenção foi espontânea e sua reinvenção também. Ninguém combinou de criar a Lapa e tão pouco retomá-la. Lá é onde o Rio hoje é genuinamente Carioca. Tivesse praia, seria a própria gema do Carioca.
E são douradas suas tardes desmaiando nos braços da noite, tão inocentes... Não compactuam com meninos punguistas, pardos e morenos – às vezes brancos – correndo por suas vielas com alguns pertences de turistas e senhoras. Mas atos como esses, estão contidos em todos os bairros e de lá também ainda não foram expurgados.
Então corre!
Mas cuidado! Olhe para cima! Preste atenção! Há alguns dias chovia turista Francês dos bondinhos! Ora, pintaram os Arcos, mas não consertaram o gradil que protege os passageiros sobre os Arcos. Só depois do ocorrido. Inclusive sua ferrugem, com a ajuda – inocente – da chuva, contribui para retomar a antiga forma manchada do velho aqueduto.
Obras na praça, nas ruas. Mais largas estão ficando suas calçadas. Seus prédios não têm garagem em sua maioria. Por isso sou a favor que continue sendo fechada para trânsito a AV Mem de Sá nos finais de semana. E que se mantenha a passarela!
Sim, a AV Mem de Sá se transforma numa passarela democrática. Onde convivem em harmonia as moças de salto alto e meninas de sandálias. Rapazes em mangas de camisa e outros sem as mangas e até sem as camisas. Bermudas, jóias, vestidos, saias. Todos em segurança! Bacana.
A LAPA é bacana!
E foste um difícil recomeço, afasto o que não conheço, a sua mais completa tradução. E não só quando cruzamos – e às vezes até esbarramos – com o poeta na Lavradio com Avenida Mem de Sá.
A LAPA não tem idade, não tem hora, não tem dono, tem é de um tudo. Um pouco e muito. Vale o passeio, vale a visita e vale vir pra ficar. Vale (quase) tudo! E ninguém fica chocado. Nem parado!
A LAPA tem seu próprio som, seu suingue. Lá, mesmo músicos de outros estilos e regiões, se comportam diferente, tocam diferente quando se apresentam por lá; e ninguém ainda decifrou esse fenômeno. Não foi “embrulhado” pra venda ainda o SOM DA LAPA.
A LAPA está no mapa como um tesouro. É genuína por ser inocente. É infindável por sua inocência. É indecente apenas por sua malemolência. Ah, não tem religião nem ciência. Não se explica, não complica. Vai e vem de quadris e fica; fica quem quer, sai quem consegue, volta quem sabe, obedece quem bebe e manda quem pode.
A LAPA não engana. A LAPA é bacana. Parece tão esperta, mas é tão inocente... Tão charmosa a sua inocência... Tão legitimamente carioca que transborda em seu entorno e vai à Glória e Tiradentes, o bairro e a praça, serão em breve como a Lapa! Em breve todo o Rio será como a Lapa. Lá na LAPA!
Marcelo Guapyassú
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