terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Dercy Gonçalves


As minhas tardes com uma jovem sapeca de 92 anos - PARTE II

Conforme o combinado, volto com a segunda parte de meu encontro com a inesquecível Dercy Gonçalves. 

A entrevista foi no seu apartamento, na zona sul do Rio, cuja decoração lembrava os bastidores do Teatro de Revista. Em duas araras, por exemplo, estavam penduradas inúmeras roupas brilhantes com muito paetês e strass. Nas paredes os mais variados pôsteres e retratos.

Mas, entre tantas lembranças familiares, a homenagem ao grande amigo Fausto Silva. Em destaque numa mesa, logo na entrada, duas caprichadas molduras com recortes de reportagens sobre os nascimentos de Clara, do apresentador com Magda Colllares.

Mas vamos a mais algumas boas respostas de Dercy na entrevista que fiz e me diverti muito. Ah, e aprendi também com esta mulher que na época tinha 92 anos muito bem vividos.

Relação homem e mulher – Está tudo perdido. Talvez seja um sinal do fim do século. Espero que a qualquer momento a mulher passe a se valorizar. Falo isso porque sou do princípio do século. Peguei uma época em que o homem cantava a mulher que ele namorava, se dedicava, mandava bilhetinhos, flores. Infelizmente, nos dias de hoje não tem mais isso.

O Papel do homem – No meu entender, o homem tem de comandar a mulher. É obrigação. A mulher é submissa ao homem.

A sua vaidade – Sou uma mulher vaidosa, gosto de usar coisas bonitas.

Posar nua – Nunca houve nada disso. Brinquei com o jornalista porque ele foi bobo. Ele me convidou para uma reportagem e eu disse que faria fotos nua, mas queria muito dinheiro. Ele não acreditou. E se fizesse eles que iriam faturar com isso. Antigamente o nu artístico era insinuado, bonito, sugerido. Hoje é um esculacho, uma vergonha, uma vergonha, a mulher mostra tudo. É horrível, uma coisa escrachada.

Nu masculino – O que é que tem o homem mostrar? Porque discriminar? Mas eu acho que é a vergonha total.

Arrependimento – Só uma vez. Foi quando chamei o prefeito de Madalena, minha terra, de ladrão. Ele me processou. Mas não em nada. Pedi desculpas e nos beijamos. Porque iria ofender o homem à toa? Chamei de ladrão porque ele roubou. Só não sabia que não podia falar. Mas não queria ofender. Não queria deixá-lo mal com a família. Disse assim: Não, absolutamente, você não é ladrão. Não pode falar? Então não falo!

Palavrão na hora errada – Nunca disse. Eu sei a hora certa. Sei dizer o palavrão para você rir e não para ofendê-lo. Eu só faço o público rir. A minha missão é essa: ver o público rir.

Uma nova Dercy Gonçalves – Ora, imagina! Existe coisa nenhuma. Se tivesse outra Dercy, ela estaria fazendo sucesso. É só bumbum o que mostram.

Bem, fico por aqui. Semana que vem termino de lembrar minha entrevista com a grande Dercy Gonçalves.

 Até lá!

 Marcos Salles




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