Nação Zen |
Nascidos e criados nas ruas da Lapa, a banda Nação Zen está perto de lançar seu primeiro Cd, que tem o reggae como pilar das composições, mas passea por outros ritmos. Confira a entrevista com Cristian, Marcelo e Mandy!
Como surgiu a banda?
Eu (Cristian di Penna, bateria) e o Marcelo (voz e guitarra) já vínhamos tocando juntos desde a adolescência. A gente freqüentava a Lapa lá em 92, 93 mas depois de um tempo, paramos.. Ficou perigoso. Por volta de 2001, eu parei de novo na Lapa. Vi que estava cheio, aquele monte de gente na Joaquim Silva, e passei por esse bar onde tocamos hoje em dia. Tinha um pessoal conhecido fazendo um som lá, e eu pedi pra dar uma canja. Acabei tocando durante duas horas, e no fim de semana seguinte, levei o Marcelo comigo. O pessoal da casa gostou e chamou a gente pra tocar fixo. Foi aí que chamamos o Mandy (baixo) pra fecharmos a banda Nação Zen. Já tocamos nesse mesmo bar há cinco anos.
Quais as principais influências da banda?
A gente já tocou de tudo. Começamos com punk rock e rock. Depois disso, tocamos de tudo um pouco, até cair no reggae. Mas sempre com outras influências, porque não adianta você se rotular, tem que tocar o que sai dos poros, e aí é o público que vai te rotular. A gente sempre ouviu Cidade Negra e O Rappa, principalmente, e a gente também tem "essa coisa" carioca, que é muito forte. Mas no nosso som mistura reggae, ragga, ska, pop, e aquela batida suingada que eu chamo de música urbana.
Como é tocar reggae na terra do samba?
Como a gente sempre tocou de tudo, levamos também uns sambas, como Bezerra da Silva. Além disso, na nossa música de trabalho, “Kingston é no Rio”, a gente compara a capital da Jamaica com o Brasil, e tem um samba no meio da música, que encaixa direitinho. Na verdade, o samba e o reggae são parecidos.. os dois tem o mesmo balanço.. diferente do rock, por exemplo, que é mais quadradão. A gente não é só reggae, embora tenha sempre essa influência. A gente toca o que o público pede.
De todos os lugares que vocês tocaram, a Lapa é “o” lugar?
Sim. É impressionante como o pessoal vibra e participa do show na Lapa. Às vezes a gente toca em lugares bonitinhos, com camarim, caixa de som, e coisa mais profissional, mas o público está lá comendo, conversando, nem aí pra quem está tocando. Na Joaquim Silva, não, a gente toca no chão mesmo, junto do público, e é interação o tempo todo. Teve um cara que quase vomitou na bateria, porque o “palco” é no caminho do banheiro, o outro derruba o microfone, bate no dente. E o pessoal traz cerveja pra gente, tem até que colocar uma placa, “não alimente os animais” (risos).
Como foi a mudança do público da rua ao longo desses 5 anos?
Ah, mudou muito. Tem uma galera que acompanha desde o início, mas no geral varia de dia pra dia. Alta rotatividade. Uma coisa que impressiona é que nesses cinco anos, nós só vimos 4 ou 5 brigas, o que, para um lugar aberto, é muito pouco. A galera está lá pra curtir mesmo. O pessoal vem de longe, de outras cidades, volta e meia pede pra gente anunciar “esse veio lá do Mato Grosso”, pra tirar foto. Há pouco tempo, quando a Lapa estava na novela, apareceu uma galera atraída por isso, pela mídia... um pessoal que não tinha nada a ver. Mas assim que a novela acabou, aquela galera deixou de vir pra esses lados.
Como está a gravação do primeiro Cd de vocês?
Nós estamos tocando as nossas músicas em público há uns 5 meses, mas o processo do CD já começou faz um ano. O CD tem 12 faixas e nós já estamos na fase de mixagem e masterização. Acreditamos que em 1 mês termine. Mas a galera já está reconhecendo nossas músicas nos shows, e pedindo pra gente tocar. O objetivo do CD é divulgar o nosso trabalho, conseguir mais shows mesmo... o mercado de CD está muito fraco.
No trabalho de vocês, nós reparamos que tem espaço pra diversão, mas também tem letras politizadas e com cunho social...
Sim, a gente não é só oba-oba. Dá pra fazer a crítica com bom humor, de um jeito engraçado. A gente tá tocando o reggae, mas quer passar uma mensagem com consciência. A nossa música “África”, que fala de preconceito, é uma das mais politizadas. As nossas influências têm muito essa cara, né? Acho que o Rappa é o grupo que mais fala a voz do povo, do que acontece nas ruas, no gueto.
Qual a história mais engraçada desses 5 anos tocando na Joaquim Silva?
Ah, foi quando a gente ainda tocava na rua. Uma noite, duas da manhã, estamos tocando, e veio um cara muito doido, de muletas, e caiu chapado na frente da bateria. Umas pessoas tentaram ajudar ele a levantar, mas ele quis ficar ali mesmo, jogado no chão. Passou um tempo, veio um mendigo bêbado e também muito louco, e tropeçou nele. Ficaram os dois ali, um por cima do outro no meio da rua, e a gente tocando...
O Nação Zen toca todas sextas e sábados, a partir das 23h30, no Bar Meio Mundo (R. Joaquim Silva, 139)
Agradecimentos a Alessandra Teixeira
Marina Cunha
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