quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Entrevista: Alexandre Caldi

Alexandre Caldi

O primeiro CD solo do saxofonista e flautista Alexandre Caldi não poderia ser lançado em outro lugar. Depois de já ter gravado seis outros coletivos, o músico lança Festeiro, na próxima quarta, dia 20, no Centro Cultural Carioca, às 21 h. A festa contará com a participações especiais do violinista Nicolas Krassik e do saxofonista e flautista Mauro Senise, ex-professor de Caldi.


“O disco é fruto de uma experiência
que eu vivi na Lapa, sem a menor dúvida”


Como foi o processo de feitura do CD?

O CD surgiu porque eu senti que não dava mais para não ter um disco solo. Eu já tinha gravado outros trabalhos coletivos e chegou uma hora em que falei: ‘Agora eu tenho que fazer o meu’. Então, me associei ao Guga Fitipaldi, que entrou com o estúdio e pude produzir com calma. Contei com meus amigos, fui pedindo para ir um pouquinho lá tocar uma musiquinha ou outra. Esse processo demorou quase um ano e fiquei bastante satisfeito com o resultado.


Qual é a sensação de lançar seu próprio CD e show depois de ter tocado com tantas bandas?

Para mim é um desafio. Na verdade, já fiz shows meus, mas foram poucos. Meu segundo show foi na Sala Cecília Meireles, no Festival Villa-Lobos. Eu tinha feito um disco com o meu irmão Marcelo (‘Os intrometidos’, de 2004) e nós estávamos com esse show marcado. Só que pintou um trabalho para ele, que incluía viagem. Tive que me virar, arrumei um quarteto e fizemos, apesar de ficar totalmente diferente do disco (risos). Mas meu trabalho não foi adiante porque não tinha um CD individual. Então, agora estou com uma ansiedade muito grande de fazer novamente um show solo e com disco próprio, responsabilidade maior, uma divulgação maior.


Que espaços você vê para música instrumental? Você acha que está crescendo o interesse por esse tipo de música?

Não acho que a música instrumental está crescendo. Eu acho que já esteve melhor. Existem espaços para coisas específicas e a música instrumental fica restrita a essas casas de concerto, que são poucas... Pensando assim, rápido, lembro da Baden Powell, do Mistura Fina, do Cinemathèque... A recepção do público, na verdade, depende muito do tipo de música instrumental que você faz. Eu acredito que a música instrumental com raiz brasileira tem mais chances de se firmar e ser bem aceita. O instrumental mais voltado pra jazz, eu respeito, mas acho mais difícil de pegar. Na verdade, o conceito de música instrumental é muito amplo.

Agora, acho que tem que ter espaço para tudo e, nesse aspecto, o mercado está melhor agora do que há um tempo. A gente era muito restrito a vontade dos maiores meios de comunicação, das gravadoras mais poderosas. Hoje em dia, vejo que tudo flui de forma mais democrática. No entanto, existe menos espaço para se tocar música instrumental, especificamente.


Por que a Lapa foi o lugar escolhido para o lançamento?


É curioso porque esse meu primeiro disco poderia ter tido várias caras. Eu acho que o CD acabou saindo com essa cara e se chamando ‘Festeiro’ em função da experiência que eu tive tocando na Lapa. Eu já toquei em muitos lugares do bairro, então o disco acabou sendo resultado dessa vivência, porque é o tipo de música que eu fiz com freqüência esses últimos cinco ou seis anos: música brasileira, samba, forró. O disco é fruto de uma experiência que eu vivi na Lapa. Então, a Lapa é o lugar apropriado para lançá-lo, sem a menor dúvida.


Como é que foi crescer no meio musical?

Meu pai era pianista clássico e foi professor da minha mãe, que é pianista até hoje. Eu cresci ouvindo música erudita. Estudei piano e baixo elétrico na minha adolescência, mas tinha certeza que viveria longe da música. Achava que eu seria jornalista porque gostava muito de escrever. Com 17 anos, comecei a estudar saxofone e fiz vestibular pra jornalismo. Mas logo vi que aquilo não era pra mim, não tinha escapatória. Aí larguei tudo e fui pra música. A minha mãe, principalmente, me deu uma direção: entrei para UniRio, voltei a estudar piano, fiz aula de percepção e teoria musical e continuei no saxofone. E comecei a conviver no meio da música.


Eu já lancei discos com a minha mãe e com meu irmão Marcelo. Agora, eu, Marcelo e Alan, meu meio-irmão, estamos trabalhando no CD do Sérgio Ricardo, nós fazemos todos os arranjos. Então, a gente trabalha familiarmente muito bem!


Confira o perfil do Alexandre Caldi no Lá Na Lapa


Marina Cunha

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