"Quero morrer no carnaval
na Avenida Central, sambando
o povo na rua cantando
o derradeiro samba que eu fizer chorando...."
("Quero Morrer no Carnaval", feito com Eurico Campos);
"É aquele cheiro de saudade
que me traz você a cada instante
folhas de saudade, marcas pelo chão
é uma dor, enfim, no coração..."
("Cheiro de Saudade", em parceria com o pianista Djalma Ferreira);
"Saudade, meu moleque de recado
não diga que eu me encontro neste estado..."
("Recado", também com Djalma Ferreira);
"Se você num samba de "gente bem"
não vai encontrar alguém apitando um apito no samba
é porque o samba que vai nascer/só vai mesmo acontecer
quando houver um apito no samba..." ("O Apito no Samba", com Luiz Bandeira);
"Quatro horas da manhã/sai de casa o Zé Marmita
pendurado na porta do trem/Zé Marmita vai e vem..."
("Zé Marmita", com o funcionário público, já falecido, Gustavo Tomás Filho, o Brasinha);
"Você, botão de rosa/amanhã a flor mulher
joia preciosa, cada um deseja e quer
de manhã, banhada ao sol/vem o mar beijar
lua, enciumada, noite alta, vai olhar...." ("Menina-Moça");
"Há neste murmúrio uma saudade
a vontade louca de voltar
ser como era antes
mesmo por instantes
e, depois, morrer pra não chorar"
("Murmúrio", com Djalma Ferreira);
"Levanta, Mangueira, a poeira do chão
samba de coração..." ("Levanta, Mangueira");
("Sassaricando", pela lançadora da marcha na revista "Jabaculê de Penacho" (depois reintitulada "Eu Quero Sassaricá"), a vedete Virgínia Lane)
"Sassassaricando
todo mundo leva a vida no arame
sassassaricando
a viúva, o brotinho e a madame
o velho na porta da Colombo
é um assombro sassaricando..."
("Sassaricando", com Jota Jr. e o discotecário Oldemar Magalhães);
"Então, eu fiz um bem dos males que eu passei
fiz do amor uma saudade de você..."
("Poema do Adeus");
"Sapato de pobre é tamanco
almoço de pobre é café
maltrata o corpo como o quê, por quê?
o pobre vive de teimoso que é..."
("Sapato de Pobre", outra com Jota Jr.");
"Você, mulher, que já viveu
que já sofreu/não minta
um triste adeus
nos olhos seus
a gente vê, mulher de trinta..."
("Mulher de Trinta");
"Olha o bloco de sujo
que não tem fantasia
mas que traz alegria
para o povo cantar
olha o bloco de sujo
vai batendo na lata
alegria barata
carnaval é pular..."
(" Bloco de Sujo", na companhia de Luiz Reis).
("Chorou, Chorou", por Marisa Gata Mansa)
Forte candidato, infelizmente, por causa de decepções recentes, ao esquecimento na grande mídia (tomara que não) - ou mesmo ausente de significativa homenagem no palco, na tela ou em CD/DVD -, até porque, em vida, nunca cortejou a celebridade (um oficial do Exército sob pseudônimo na noite, "habitué" de boates, como a Drink, de Djalma Ferreira, e consumidor de coquetéis preparados com penumbra, ritmo, ilusão e boemia), o coronel Antônio de Pádua Vieira da Costa completaria 90 anos de idade em 16 de abril deste ano. Com Jota Jr., Armando Cavalcanti, Klecius Caldas, Victor Freire e Nilo Queiroz, por exemplo, ele perfilou em um grupo de militares de "linha branda" na MPB, cuja farda e deveres correlatos não se opunham à indisciplina da "caserna" musical e à sensibilidade para a conversão em canções de agrado popular, sob arguta observação e com irônico viés carnavalesco, dos instantâneos testemunhados de agruras da nossa gente humilde, como em "Lata d´Água" (com Jota Jr.), samba primeiramente gravado em 78 rpm de 1951 por Marlene, com arranjo de Radamés Gnatalli e acompanhamento dele, ao piano, e sua orquestra, e "Barracão" (com Oldemar Magalhães), que, após o êxito inicial de Heleninha Costa, em 1953, ganhou de Elizeth Cardoso interpretação consagradora, ao lado de Jacob do Bandolim, do Época de Ouro e do Zimbo Trio, em histórico show de Hermínio Bello de Carvalho, para o Museu da Imagem e do Som, no Teatro João Caetano, em 1968. Já bem perto dos seus 80 verões, consumados no vindouro 5 de fevereiro, a cantora Lana Bittencourt, no longínquo 1960, prestou homenagem a Luís Antônio em um dos lados (no outro, a Antonio Carlos Jobim) de um excelente elepê da Columbia, "Sambas do Rio". Periférico em relação à posição central da própria obra no universo da MPB - realçada, no primeiro parágrafo, por seus sucessos, gravados ainda por Miltinho, Lúcio Alves e Helena de Lima, entre outros -, Luís Antônio, conhecido na informalidade dos amigos como Negro Antônio, morreu em primeiro de dezembro de 1996, já colaborador regular nas atividades do Museu do Carnaval do Rio de Janeiro, na Praça da Apoteose da Marquês de Sapucaí e no mesmo Estácio, "holy" Estácio, onde nascera.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.
Um abraço,
Gerdal
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