terça-feira, 15 de março de 2011

Uma pianista de dedos eruditos que também é do forrobodó

Maria Teresa Madeira


Prezados amigos,
 
           De quando em quando, tenho a satisfação de ver em trânsito por Laranjeiras uma ilustre vizinha de bairro, Maria Teresa Madeira, pianista de dedos prodigiosos. Morava ali pela Marquesa de Santos ou Gago Coutinho, perto do Largo do Machado, mudou-se, mas, por uma amiga (in)comum, a tremenda cantora Tania Machado - também pianista -, soube que ela continua por aqui, "no pedaço". Não faz muito, postado logo atrás dela em fila de um supermercado local, pude conversar com Maria Teresa, enquanto aguardávamos vez no atendimento da moça do caixa, sobre uma admiração e uma saudade minha e dela, a também carioca Carolina Cardoso de Menezes, da musicalmente espevitada linha dos "pianeiros", falecida no último dia do ano 2000. Justamente nesse ano, Maria Teresa foi contemplada com a Bolsa RioArte, da Prefeitura do Rio, para desenvolvimento de um projeto sobre Carolina, reunindo todo o acervo desta, como executante e compositora, mas, como sói ocorrer no nosso país tropical em tal circunstãncia, tardam consequências esperadas, como um CD-homenagem e shows alusivos àquela que fez, com produção de Zuza Homem de Mello, em 1989, pelo Estúdio Eldorado, um elepê de piano e violino, tocados com exemplar beleza e sensibilidade, na companhia do também saudoso Fafá Lemos. 
           Não obstante a formação clássica no piano, como bacharel pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós como mestra pela Universidade de Iowa, nos EUA, também se apresentando como solista com várias orquestras, como a Sinfônica Brasileira e a Petrobras Pró-Musica, Maria Teresa, com quem já me encontrei, por acaso, em rodas de samba, também é do forrobodó. Sabe dotar o seu instrumento daquele balanço gostoso, daquela sutileza e vivacidade de toque que, na nossa discografia popular, ao som da polca, do maxixe e do choro, por exemplo, marcam presença em títulos que divide com outros grandes músicos, como o gaitista Rildo Hora (CD "Ano Novo", de 2003), o trombonista Radegundes Feitosa (CD "Trombone Brasileiro", de 1999) e o bandolinista Pedro Amorim (CD "Sempre Nazareth", de 1997). Também como "pianeira" já se fez notar no teatro, em obras como "Theatro Muzical Brasileiro", "Festa no Céu" e "Iluminando a História", nestas duas últimas creditada ademais como diretora musical. A simpática e cordial Maria Teresa, que há anos dá nome a um concurso nacional de piano, pode ser vista e apreciada nesta terça-feira, 15 de março, a partir das 21h30, no Lapinha (Av. Mem de Sá. 82 - sobrado - Lapa - tel.:2507-3435). Ela e o piano da casa, simplesmente.

Um bom dia a todos. Grato pela atenção à dica.
 
Um abraço,
Gerdal
 

Maria Teresa Madeira lembra, com o percussionista João Bani, a jobiniana "Quebra-Pedra"; 


Ela toca uma das suas preferidas entre as composições de Chiquinha Gonzaga, "Bionne", acompanhada do violinista mineiro Marcus Vianna, com quem, pelo selo deste - Sonhos e Sons -, também gravou Ernesto Nazareth; 


Sobre imagem de Ernesto Nazareth, ouvem -se Maria Teresa Madeira e Pedro Amorim em "Matuto"; da lavra do pianeiro pioneiro; 


Maria Teresa acompanha Lenine em "Forrobodó", de Chiquinha Gonzaga, no final de um dos capítulos da minissérie intitulada com o nome da maestrina, na qual também foi dubladora de mãos da protagonista, Regina Duarte.. 

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