Do signo de Câncer, como eu, a "cantriz" Zezé Motta (canta tão bem quanto representa) e toda a sua simpatia e sensibilidade estarão presentes nesta terça-feira, 20 de setembro, a partir das 19h, no Teatro do Sesi, em show de lançamento do CD "Negra Melodia". Saudar Zezé é, para mim, entre outras figuras recorrentes e a ela associadas na minha lembrança, destacar Jacy Inspiração, bom e veterano compositor do Arrastão, puxando, em 1989, por um grupo secundário na Marquês de Sapucaí, no sábado de folia, o hino da escola de samba de Cascadura naquele ano - "Zezé Motta, um Canto de Amor e Raça" -, feito por ele e mais três parceiros, em louvor dessa filha de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, de onde outros do samba vieram e no Rio também se estabeleceram, como Wilson Batista, Roberto Ribeiro e Delcio Carvalho. "O talento corre mundo, corre chão, é Zezé nos braços da multidão...", tento puxar pela memória esse refrão hoje caído no insconsciente coletivo dos carnavalescos, que embalou um desfile modesto, porém, ainda assim, expressivo de uma obra em andamento - a própria vida da homenageada - que tem no palco uma interseção entre as vertentes da sua arte bifronte, onde o exercício da sua voz suave e cálida se faz "ad libitum" no domínio cênico da canção e da ação figurada.
"Crooner" de duas boates de Sampa no início dos anos 70, Balacobaco e Telecoteco, Zezé, de origem humilde e que, aos 16, já batalhava num laboratório farmacêutico, gravou vários discos interessantes, entre os quais, em 2000, avulta uma homenagem a outra canceriana do melhor quilate, Elizeth Cardoso, no CD "Divina Saudade", pelo selo Albatroz e com produção de Roberto Menescal. Da arte negra de Wilson Moreira e Nei Lopes, levaria ao sucesso, em gravação irretocável, um samba primoroso de ambos, "Senhora Liberdade", em 1978, isso num período em que, também na sua voz, obtiveram êxito de execução "Alapalá", de Gilberto Gil, "Dores de Amores", de Luiz Melodia, e, da trilha do filme "O Cortiço", de Francisco Ramalho Jr., a buliçosa "Rita Baiana", composta pelo maestro John Neschling, com letra do poeta Geraldinho Carneiro. Pelo veio da dramaturgia, o reconhecimento internacional por "Xica da Silva", em 1976, em filme de Cacá Diegues, com música de Jorge Ben, é expressivamente resumidor do seu grande valor como atriz, que não faz cena, no entanto, quando se empenha, há muito tempo, pela afirmação da afrodescendência no país e, em particular, pela presença qualitativa - e mais bem situada na distribuição de papéis - do ator negro nos "casts" das emissoras de tevê com suas novelas e minisséries. Uma mulher, portanto, determinada que, assim, também se apresenta: como uma guerreira, "da terra do sol, da lua de mel e da cor do café", contra o preconceito racial e a injustiça social. Ela é Zezé, a quem dirijo, cordialmente, o meu aplauso.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção à dica.
Um abraço,
Gerdal
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