A Folia se foi e ficam as lembranças e as polêmicas
O carnaval acabou. Bem que poderia ser um pouquinho maior, como pedem os baianos. Mas a
folia se foi. E, pelo caminho ficam confetes, serpentinas, máscaras, fantasias, ilusões, alegrias,
amores de carnaval, imagens marcantes que não saem da memória e as polêmicas novas
ou antigas. Tanto faz. O bom mesmo é que o bate-boca continua por um bom tempo. Nas
esquinas, nos bares, nas mesas de jogo, na sala de casa, no trabalho, na boa farra de amigos.
E vou deixar por aqui algumas dessas lembranças. As boas e as péssimas, sempre no intuito de
que possam melhorar e ano que vem entrarem no rol das boas.
Então, vale a velha pergunta. Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. Qual deseja saber
primeiro? Ah, vamos logo nas ruins, para terminarmos nossa conversa nas boas. Vamos então
à parte podre do carnaval de 2012:
É claro que a invasão da área de apuração no Carnaval de São Paulo ou a polêmica no Grupo
de Acesso aqui no Rio, em que o Presidente da Lesga (Liga das Escolas de Samba do Grupo de
Acesso) é também o Presidente Inocentes de Belford Roxo, campeã deste ano, e também o
atraso na entrega das frisas no Sambódromo do Rio, ou a prisão de muitos mijões e mijonas é
péssimo para o carnaval. Tanto a invasão em São Paulo, quanto este título aqui no Rio, ainda
vão dar muita confusão. E tomara que tudo se resolva. Como também espero que se resolva
uma das piores partes deste carnaval de 2012, uma cópia do que aconteceu em 2011. Uma
queixa minha e de muitos telespectadores que assistiram à transmissão dos desfiles do Grupo
Especial pela TV Globo. Mas de muitos mesmo. E vou avisando que não faço parte daquele
grupo que odeia a TV Globo. Gosto da TV Globo, do seu nível de qualidade, das novelas, do
jornalismo, do esporte, do humor. Porém, desde o ano passado que a transmissão está o caos.
As redes sociais bombaram em comentários dos mais cruéis. Porém, verdadeiros. Como por
exemplo, referências à coleção de chapéus da Fernandinha Abreu. Já as suas opiniões...
O samba merece muito mais respeito. Ainda mais nos dias de sua festa nobre, que é somente
a maior do mundo. Portanto, a transmissão dos desfiles deve ser feita por uma equipe com
bagagem musical e que conheça os sambistas e as manhas de um carnaval, das escolas. E
o pior da história é que a Globo já teve uma equipe assim. Por onde andam feras como os
carnavalescos Fernando Pamplona, Maria Augusta e Mílton Cunha que não são chamados?
Cadê, por exemplo, Leci Brandão e Jorge Aragão? Porque não chamam o Arlindinho Cruz,
atualmente tão íntimo da emissora? Os que chamavam a Leci de Rainha da Comunidade, por
conhecer cada integrante que aparecia no vídeo, devem estar desesperados gritando pela
volta dela.
Com todo o respeito à carreira esportiva da Glenda Koslowski e do Luis Roberto, à trajetória
musical da Fernanda Abreu e da Teresa Cristina e à carreira artística do Eri Johnson, não foi
legal. Faltou conhecimento, tarimba. Faltou berço, tempo de estrada no samba e no carnaval.
Foi péssimo, por exemplo, ouvir a Glenda chamar a Beth Carvalho de Betty Faria. Por mais
que tenha sido um erro normal, mas depois de tantos, ninguém perdoou. E aí, toma-lhe
narrações profundas sobre os enredos, deixando claro que estavam lendo. E vem o repórter
Fábio Júdice com perguntas ótimas, como quando quis saber de um integrante da União da
Ilha a semelhança entre Brasil e Inglaterra. Ou a Teresa Cristina dizer que determinada escola
desfilou sem pretensão nenhuma. Como isso? Acredito que todas entram pra vencer, mesmo,
nunca tendo vencido. Ou não foi assim com a Beija-Flor em 1976, da Vila Isabel em 1998,
da Estácio de Sá em 1992, Viradouro em 1997? Lembram? Ninguém esperava, foram lá e
faturaram.
Bem, é isso. Que ano que vem o samba tenha uma transmissão de acordo com a sua grandeza.
E que a TV Globo faça um trabalho de acordo com a sua grandeza de uma das melhores do
mundo.
Mas vamos à parte bacana. Às imagens que vão ficar em nossa memória no carnaval carioca.
Separei algumas. Será que acertei? Com certeza devo ter errado, pois muito mais estão já
guardadas em nossa memória:
- Os blocos nas ruas do Rio de Janeiro. Sempre lotados e animados.
- Mais uma vez as surpresas do Mago Paulo Barros, desta vez reconhecida pelos jurados,
resultando em mais um título pra Unidos da Tijuca. Como esquecer a Comissão de Frente e
suas sanfonas, reforçada este ano pela genial sanfonheca? Ou o carro do mercado e uma ala
toda em barro?
- Os músicos internacionais Armandinho Marçal, Jovi Jovinano, Zero e Robertinho Silva e seus
filhos Vanderlei e Ronaldo Silva, e seus atabaques na bateria da Portela. Ainda na azul e branco
de Madureira, os tambores do Olodum iluminados no carro de Daniela Mercury.
- As Rainhas Sheron Menezes, da Portela, e Viviane Araújo, do Salgueiro. Sheron com o agogô
e Viviane com seu tamborim.
- A homenagem da Beija-Flor ao gênio Joãosinho Trinta na imagem de Jesus Cristo, o trono
onde ele desfilaria, vazio, com as roupas que iria usar, o bumba meu boi soltando fumaça pelas
narinas e a ala do mercado.
- A savana da comissão de frente e o filho nas costas da porta-bandeira da Vila Isabel.
- A tigreza amamentando os filhotes da Porto da Pedra.
- A bateria da Mocidade Independente de coloridos pincéis.
- O samba de Evandro Bocão, Arlindo Cruz, André Diniz, Leonel e Artur das Ferragens, na Vila
Isabel, com direito ao contra-canto, uma bossa do Arlindinho.
- O Rei Martinho da Vila homenageado na Vila, desfilando numa coroa. Perfeito.
- Maria Augusta e Renato Sorriso, como reis na União da Ilha. Reis da alegria.
- Itu Melodia soltando o grito de guerra de seu pai, o grande Haroldo Melodia; “segura a
marimba!”
- Igor Sorriso cantando máscara na São Clemente.
- O violinista Renato Sobreira tocando na paradinha da bateria.
- A alegria e irreverência da São Clemente lembrou os bons tempos da Caprichosos de Pilares.
Esta a Teresa Cristina acertou.
- A mulata do Lan, inflável, evoluindo nos ares da São Clemente, a 20 m do chão, e suspensa
por 25 cordas.
- A Estátua da Liberdade, bem à vontade, pegando um bronze na São Clemente.
- O Cristo estilizado, o couro da cuíca com desenho de Romero Brito e o choro de Mestre
Paulão, regendo sua bateria, no início do desfile da Renascer.
- A sósia da Presidente Dilma Roussef na Rocinha.
- O bumba meu boi soltando fumaça pelas narinas, a ala do mercado e o trono onde desfilaria
Joãosinho Trinta vazio, com as roupas dele.
- O samba de Jeferson Lima, Ribamar, Alexandre D´Mendes, Cristovão Luis e Tuninho
Professor, na Imperatriz Leopoldinense. E ainda o carro da baiana fazendo o acarajé e a classe
e o carisma da eterna Luiza Brunet.
- A super-paradona da bateria da Estação Primeira de Mangueira. E o carro do pagode com
Alcione, Luizito, Dudu Nobre, Xande de Pilares, Sombrinha. E, aproveitando a deixa, para os
que ainda não sabiam, pagode é o que eles fizeram naquele carro. Uma roda de samba em
volta de uma mesa. E não um gênero musical, como muitos acham. Mas isso é assunto pra
escrever depois.
Mas vou ficando por aqui neste fim de carnaval. Quando você estiver lendo estas linhas,
estarei no navio temático MSC Musica, o Apoteose do Samba, dirigindo quatro espetáculos de
samba e cantando ao lado do grande Richachs, que vocês da Lapa conhecem tão bem. Há nos
ele está nas segundas do Carioca da Gema. Vou navegar, tchau...
Marcos Salles
PARABÉNS MARQUINHOS, MUITO BEM ESCRITO E VERDADEIRO.
ResponderExcluirBEIJOS
SUELI BARCELLOS
ESSE É O CARA, SABE TUDO, ASSINO EMBAIXO!!! PARABÉNS, ESSE É O NOSSO JORNALISTA, E PRODUTOR NOTA DEZ!!!
ResponderExcluirUM GRANDE ABRAÇO
GEOVANNE E CRIS