terça-feira, 20 de março de 2012

A Bronca do Samba






    Tudo ia muito bem na participação de Zeca Pagodinho no programa Domingão do Faustão,
neste domingo que passou, dia 18 de março de 2012, que marcava o lançamento do DVD
Quintal do Pagodinho.

    Tudo ia bem, até que Fausto Silva foi falar com o cantor e compositor Nelson Rufino e chamou o samba de “sambão”. Sem pensar muito, rápido como o herói The Flash, o bom baiano olhou sério para o apresentador e o corrigiu em cima: “samba”, disse como se estivesse passando um pito, um carão, dando uma bronca no filho. A conversa continuou como se nada tivesse acontecido, porém, serviu como um alerta e muitos perceberam.

    Por ter sempre recebido muito bem os sambistas em seus programas, desde o
Perdidos na Noite, que fez na Band, principalmente Zeca Pagodinho, não acredito que Faustão
tenha falado “sambão” num tom de deboche. Até porque, chamar samba de sambão ou sambinha já se tornou comum.

    É claro que eu, Nelson Rufino e acredito que quase todos os sambistas não aprovem estes
apelidos, muitas vezes usados para diminuir o nosso samba, fonte de renda de muitas famílias
e produto de exportação de nosso país. Onde o samba vai, fora do país, é reverenciado por todos, por ser um ritmo contagiante.

     A bronca de Nelson Rufino vale para que se respeite mais o samba. E o baiano Nelson Rufino fala com a autoridade de ser um dos bambas, um dos grandes nomes deste inigualável gênero musical. Na sua tranqüilidade, na sua voz macia, no seu jeitão bem baiano de ser, Nelson é compositor, muitas vezes sozinho, outras vezes com parceiros, de vários sucessos, como por exemplo, Todo Menino é um Rei, Vazio, gravados por Roberto Ribeiro e Verdade, Dono da Dor, Se Tivesse Dó e Gota de Esperança, gravado pelo Zeca, entre inúmeros outros.

    Do alto de seus quase 70 anos de vida e quase 50 de samba, Nelson falou com a autoridade
de quem conhece e que merece respeito. E infelizmente o samba ainda não tem o respeito
que merece.

    Volto a dizer que não acredito que Fausto Silva tenha falado com desdém. Não acredito mesmo. Mas que valeu a chamada do Nelson, isso valeu. Que sirva de incentivo para todos os que vivem e trabalham com o samba, seja cantor, músico, compositor, produtor, diretor, técnico.

    Que todos tenham cada vez mais orgulho deste gênero musical que já apanhou da polícia, foi expulso dos bares e hoje é sinônimo de renda e muito lucro para muitos. O que seria da Lapa sem o bom samba? Valeu Nelson Rufino, o samba agradece...

Marcos Salles

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