segunda-feira, 26 de março de 2012

Chico Anysio


Meu último papo com o Mestre do Humor – PARTE I


    Foi no dia 21 de dezembro de 1999 que foi publicada na revista Chiques & Famosos a minha última entrevista com o mestre Chico Anysio. E foi especial, pois fui com minha filha Andressa.
    De lá pra cá não nos vimos mais. Porém, desde que o conheci, em 1982, o entrevistei umas vinte vezes, fora os papos rápidos de corredor e camarim, na cobertura que eu fazia da Escolinha do Professor Raimundo, no Estúdio de Renato Aragão.
   Ele é o criador de Professor Raimundo, Alberto Roberto, Painho, Azambuja, Pantaleão, Salomé, Roberval Taylor e mais de 200 personagens que formam a família de maior sucesso no humor da televisão brasileira.
    Neste nosso último encontro ele estava com 68 anos de idade, 52 de profissão e 47 de TV. E continuava o mesmo. Apesar de nunca ter tido paciência em posar para uma máquina fotográfica e assumir essa aversão às fotos, sempre foi um bom papo.
    Esse mestre, esse gênio, que também foi diretor, redator, compositor, escritor, pintor e comentarista esportivo, entre outras atividades, tinha acabado de se recuperar do acidente que sofreu na piscina de sua casa. 
   Começo aqui, então, mais uma série, com o melhor do que ele me disse nesta entrevista.
   A CURA PELA FÉ – Foi o Frei Luis quem me curou. Está tudo bem, falo até farofa. A Alcione (Mazzeo, sua ex-mulher) me chamou, pois eu já tinha tirado uma hérnia umbilical lá mesmo.
    SEM O TRATAMENTO NOS EUA – Tinha a opinião da doutora de Orlando e do médico de Nova York, um ensinando exercícios e o outro uma fisioterapia de choques. Não fiz nenhum dos dois.
    A OPERAÇÃO – Deitei numa cama, olhando para uma luz bem azul e dormi. Quando acordei, ele estava mexendo no meu queixo e disse que estaria bom em três meses. Voltei para Nova York e um dia, no meio de um show, na Broadway, me assustei ao lembrar que estava fazendo três meses do dia que tinha ido ao Frei Luiz. E nem havia percebido que estava bom.
    SE COSTUMA REZAR – Não rezo, não.
    MAS ACREDITA EM DEUS – Ele está dentro de mim. Se não acreditasse, eu não viveria.
    COM SEIS CASAMENTOS, UM ROMÂNTICO – Não sei se sou romântico, pois sou da época que o romantismo estava em baixa. Porque sempre trabalhei muito. Quinze dias depois de estrear na rádio, já tinha quatro profissões. Era radioator, redator, locutor e comentarista esportivo. Nunca tive sábados, domingos ou feriados, ou seja, perde-se muito tempo para o romantismo.
    O QUE FEZ PARA CONQUISTAR ESTAS MULHERES – Sempre fui muito legal com essas mulheres todas. Eu tenho muito respeito pelas mulheres. Acho a mulher um ser inteligente, que conquista o homem e dá a ele a impressão de que ele a conquistou. A mulher sabe o que está fazendo.
    AS MULHERES COMANDAM – É lógico que elas que comandam. Não vou discutir com elas. Não tenho competência para isso.
    O QUE É “SER LEGAL” COM AS MULHERES – Em tudo. Eu as trato muito bem e todas elas gostam muito de mim. Mesmo as ex. Eu fui cortado por quatro das cinco ex-mulheres. Somente a Zélia eu cortei. O único casamento que terminei foi o da Zélia. E sempre falo que quem não viver comigo não vive com ninguém.
    PORQUE ESSA TEORIA – Nenhuma delas se casou de novo, não é? Sabe por que? Não é fácil encontrar um cara igual a mim, que não reclama de coisa nenhuma, que não cobra nada e que faz tudo o que é possível do que elas querem. Eu sou do bem, sou boa praça.
    É, Chico, você era mesmo um boa praça. E semana que vem eu continuo com esse nosso
último papo. Descanse em paz...

Marcos Salles

Um comentário:

  1. Faça perguntas inteligentes e terá uma entrevista maravilhosa como esta, com respostas que contam novidades... Vou aguardar a continuação... Parabéns amigo Marcos Salles.... Adorei...

    ResponderExcluir

Não é necessária a sua identificação para enviar comentários. No entanto, lembramos que, neste blog, é proibido o uso de termos pejorativos, ofensivos ou discriminatórios.

Seu comentário está sujeito à validação dos administradores.