UMA VIAGEM PELO UNIVERSO MODERNISTA DE JOHN GRAZ
O Instituto John Graz, em parceria com o Centro Cultural Correios, traz para o Rio de Janeiro uma exposição inédita de um dos nomes mais importantes do modernismo brasileiro. Com entrada franca, a mostra John Graz, Viajante apresenta uma seleção de desenhos à guache, estudos em grafite, pinturas e outras peças desse artista nascido em Genebra e que se encantou com o universo de luzes e cores do Brasil, tendo se radicado no país desde os anos 1920.
Ao lado de Di Cavalcanti, Anita Malfatti e outros, o pintor, escultor, decorador, desenhista e artista gráfico John Graz expôs seu trabalho na Semana de Arte Moderna de 1922, contribuindo decisivamente para a renovação da pintura brasileira, influenciado pelos movimentos de vanguarda da Europa. O diferencial da mostra no Centro Cultural Correios é o recorte com seleção das obras em função dos países onde o artista viveu ou passou longas temporadas, como Brasil, Grécia, Espanha, Itália e Marrocos, além da terra natal, Suíça.
São ao todo 150 peças, selecionadas do acervo do Instituto John Graz, fundado em 2005, o principal parceiro desse projeto, que reúne um total de 2.000 peças, além de realizar pesquisas, catalogação e reconhecimento de obras do artista.
Índios e barcos amazônicos
O curador da exposição, Sérgio Pizoli, relembra que John Graz era apaixonado por viagens desde a juventude. Logo após se formar na Escola de Belas Artes de Genebra, recebeu bolsa de estudos e viajou para Espanha; depois veio ao Brasil, onde se casou e se estabeleceu em São Paulo, tendo feito em seguida várias viagens pelo interior do país, com destaque para o Amazonas, de onde retirou a inspiração para suas obras, como as anotações de índios e barcos dos rios amazônicos, um dos destaques da mostra.
O objetivo da exposição é levar os espectadores, através das imagens, a fazer esse passeio junto com o artista. Há desenhos feitos no Marrocos que serão apresentados pela primeira vez ao público, assim como anotações de motivos e deuses mitológicos (Diana era a sua preferida) feitos em sua temporada na Grécia. Pizoli explica que um dos traços da obra de John Graz é reunir às paisagens e elementos da natureza os elementos simbólicos de cada cultura.
A maioria das peças dessa mostra são de desenhos à guache, informa o curador, "uma técnica muito difícil e que poucos artistas ousam fazer", acrescenta. Conforme Pizoli, a escolha pelos desenhos, boa parte ainda em caráter de estudos a serem concluídos, é para demonstrar a impressionante qualidade de um lado ainda pouco conhecido do artista. "John Graz tem uma vasta obra ainda a ser resgatada. Quem não o conhece, terá agora uma ótima oportunidade. E para quem já o conhece, poderá apreciar obras inéditas", afirma o curador.
Perfil – John Graz
Nascido em Genebra em 1891, John Louis Graz é radicado no Brasil desde os anos 1920, quando se casou com a artista plástica e decoradora Regina Gomide e se estabeleceu em São Paulo, onde iria passar a maior parte da vida, vindo a falecer em 1980. Expôs sete quadros na Semana de Arte Moderna de 1922, ao lado de Di Cavalcanti, Anita Malfatti, entre outros, tornando-se um dos principais representantes do modernismo brasileiro e contribuindo decisivamente para a renovação da pintura brasileira, a partir dos conhecimentos vivenciados da vanguarda européia.
Percorreu todo o Brasil e estabeleceu residência em São Paulo. Viajou várias vezes, em épocas diferentes, pela Itália, Grécia, Marrocos, Espanha, Alemanha, entre outros, além de ter voltado à sua terra natal, Suíça, sempre como visitante. Foi colaborador da Klaxon – a primeira revista modernista –; era chamado por Oswald de Andrade, um dos entusiastas da obra de Graz, de "meu artista futurista".
Ao longo dos anos 1920 a 1940, John Graz tornou-se o decorador mais requisitado da elite cafeeira paulistana. Foi precursor do estilo art déco e do design gráfico de móveis futuristas no Brasil. É consagrado como um "artista total", capaz de unir arte, arquitetura e designer numa única linguagem plástica. Na arquitetura de interiores, sua marca é a integração de elementos, concebendo o ambiente como um todo e estendendo o mesmo conceito aos objetos nele presentes, como móveis, luzes e jardins.
"John Graz revela um novo universo brasilianista, popular e colorido, Seus desenhos, notação elaborada com simplicidade, relacionam-se não à criação, mas ao ato de criar: saltos diretos da mão visam vencer o desafio de representar a atmosfera nova, vista/vivida, e a medida tropical dos seres e das coisas", explica o curador da exposição, Sérgio Pizoli.
O artista possui uma vasta obra, boa parte ainda a ser descoberta e catalogada. Somente o acervo do Instituto John Graz possui cerca de 2.000 peças, das quais cerca de 150 foram selecionadas para esta exposição no Centro Cultural Correios. Saiba mais sobre no Instituto em www.institutojohngraz.org.br
Exposição:
John Graz, Viajante
Abertura: 17 de outubro de 2013, quinta
Local: Centro Cultural Correios
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 - Centro - RJ- 2253-1580
Visitação: de 17 de outubro, quinta, a 24 de novembro, domingo
Horário: de terça-feira a domingo, das 12h às 19h
Apoio Cultural: Centro Cultural Correios
Apoio Cultural: Centro Cultural Correios
Grátis
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