sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Arte de Carlinhos de Jesus

Carlinhos de Jesus
Hoje é o Dia Internacional da Dança. E dentre muitos mestres desta arte escolhi um para homenagear. Uma fera que está aqui na Lapa com uma das boas casas. Na madrugada de sábado para domingo o Lapa 40 Graus fervia por aqui. E na TV um de seus sócios esbanjava categoria e elegância no Altas Horas. Era o Mestre Carlinhos de Jesus, que até dançou com uma moça da platéia, transformando o programa de Serginho Groisman num bailão. Era um pouco do talento de um carioca nascido no subúrbio de Marechal Hermes e criado em Cavalcante. Um jovem cinqüentão que ano passado comemorou trinta anos de uma inspirada trajetória na dança. Ver Carlinhos é voltar no tempo e lembrar detalhes que ele me disse certa vez no salão de uma de suas primeiras academias, que hoje não existe mais, na Rua da Passagem, em Botafogo. 

Conhecido como o filho do Seu Amarante, o pequeno Carlinhos só ia à quadra da Escola de Samba Em Cima da Hora para caçar rãs, num pântano que lá existia. Sua paixão pela dança começou a ser desenvolvida como mascote do bloco de sujo Turma do Cachorro. Até que, durante um réveillon no quintal de casa do então presidente da escola, Seu João Severino, foi convidado por ele para desfilar no carnaval de 1962.

De lá pra cá, após um Estandarte de Ouro como melhor passista em 1985, ainda como Carlinhos Amarante, fez história. Ou melhor, faz história. As comissões de frente da Estação Primeira de Mangueira são a grande referência. Sempre mantendo o mistério suas equipes deram show na Sapucaí. E este ano, mesmo com o brilho discutido, foi campeão pela Beija-Flor de Nilópolis. E o premiado sambista vai além das fronteiras da nossa nobre batucada. É mestre também no bolero, no tango, na lambada e no ritmo que você quiser. Já coreografou shows de nomes como Magal, Elba Ramalho e orientou atores como Alexandre Frota, Tania Alves e Raul Gazzolla, entre muitos outros.

E Carlinhos de Jesus brinca na sua ginga, no seu molejo. Ou dança ou coloca atores para dançar, como já fez, por exemplo, nas cenas de lambada da novela A Rainha da Sucata, com Patrícia Pillar e Maurício Mattar. Ou com Renato Aragão, em Os Trapalhões. Ou na ginga das gangs do filme A Ópera do Malandro. Dessa vez, além de orientar a expressão corporal e gestual dos atores, atacou de ator, como um dos integrantes da turma do personagem de Wilson Grey e ainda dançou um tango com Cláudia Ohana. Ah, em meados de 1989, no filme Orquídea Selvagem, teve nos braços ninguém menos que Jaqueline Bisset, um mito para ele.

Já tá na hora de voltar a apresentar o espetáculo Isto é Brasil, onde o Mestre e sua troupe esbanja talento. E ainda tem tempo para um magnífico solo de Carlinhos de Jesus. Impecável com seu sapato bicolor, roupa branca com a tradicional camisa listrada por baixo. Com direito até a uma rápida imitação de Coisinha de Jesus, criação dos cassetas. É um show que vale apena. Com muito verde e amarelo, mostrando a versatilidade da música brasileira, a melhor do mundo. E com dançarinos que também estão entre os melhores, com a assinatura de Carlinhos de Jesus.

E como ele não para de trabalhar, espera-se que daqui a pouco vem novidade por aí. Ou num grande palco ou no Sambódromo ou em sua casa na Lapa boemia.

Por Marcos Salles

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